O Brasil está secando. Essa é a conclusão de um relatório resultante de um estudo sobre a situação das águas nos biomas brasileiros.
Uma pesquisa do MapBiomas mostra que converter as áreas de florestas para o uso da agropecuária e a construção de represas diminuiu o fluxo hídrico no país. O estudo, feito por satélite durante o período de 1985 a 2020, coletou dados que indicam claramente a perda de água em todo o território nacional.
O nosso país possui 12% das reservas de água doce do planeta e 53% dos recursos hídricos da América do Sul. Mas essa riqueza está, literalmente, evaporando.
A retração da superfície aquática no Brasil foi de 15,7% desde o início da década de 1990, uma queda de cerca de 20 milhões de hectares para 16,6 milhões de hectares em 2020 – área equivalente ao estado do Acre.
Para o coordenador do MapBiomas Água, Carlos Souza Jr., o resultado do estudo é muito preocupante:
“As evidências vindas do campo já indicam que as pessoas já começaram a sentir o impacto negativo com o aumento de queimadas, impacto na produção de alimentos, e na produção de energia, e até mesmo com o racionamento de água em grandes centros urbanos”.
As razões para essa perda é explicada, sobretudo, pela perda territorial das nossas florestas para o agronegócio, que interfere na temperatura climática, altera as cabeceiras de rios e nascentes e leva ao assoreamento de rios e lagos.
A construção de represas, seja de menor porte, para irrigar fazendas, seja de grande porte, para gerar energia elétrica, também é um fator que vem agravando a situação. O estado que teve a maior perda hídrica (57%) nos últimos anos foi Mato Grosso do Sul, o mesmo que, hoje, é o protagonista do agronegócio brasileiro e abriga o bioma do Pantanal.
A ampliação dos períodos de seca e o desmatamento da floresta Amazônica são apontados como as principais causas que vêm acelerando a secura no Brasil. Como consequência do desmatamento, há a redução do efeito esponja das florestas, isto é, a absorção da água da chuva e a sua liberação a conta gotas na atmosfera.
Segundo Souza Jr., ainda é possível reverter o processo com uma melhor gestão dos recursos hídricos:
“O primeiro passo é ter um diagnóstico do problema na escala de bacias hidrográficas para identificar quais fatores estão comprometendo a disponibilidade de recursos hídricos. Segundo, é possível desenvolver um plano de ação multissetorial para mitigar e até mesmo reverter o problema. Mas, não podemos nos esquecer que boa parte da solução vai depender em reduzir as emissões de gases estufa para controlar o aumento da temperatura global”.
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Categorias: Ambiente
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